"PARA QUE TUDO NÃO SE DESMANCHE NO AR"

domingo, 16 de janeiro de 2011

Porto Belo / Bombinhas - Segundo Acesso

Amigos:
Concordo que estamos num momento de mobilização, solidariedade, e principalmente de reflexão e preocupação. Pois nós temos, aqui em Porto Belo, uma bomba-relógio pronta a explodir, que repetirá o horror ocorrido no Rio de Janeiro este ano e no ano passado, e em Santa Catarina em 2008.
Estou me referindo ao segundo acesso entre Porto Belo e Bombinhas. NINGUÉM em sã consciência pode ser contra o segundo acesso. A nossa preocupação é em relação ao traçado escolhido.
Vamos analisar alguns itens, pois nem todos têm conhecimento das consequências deste traçado ao longo do topo do morro.
Uma solução para um problema só é uma solução quando realmente o resolve. A estrada pelo topo do morro, além de trazer inúmeros problemas para Porto Belo, infelizmente não vai resolver o problema de Bombinhas porque, sendo uma estrada turística (ou estrada parque, como quer o IBAMA), deverá ter um trânsito lento, contemplativo e com trânsito restrito, segundo afirmou o Secretário de Turismo de SC, sr. Waldir Walendowski.
O traçado previsto sobe e desce o morro das antenas, com rampas muito íngremes nos dois extremos da estrada, curvas em cotovelo (usa como sua parte final a atual descida do Morro de Zimbros). O trânsito lento, aliado às rampas íngremes, vão manter o trânsito engarrafado.
Nossa análise vai basear-se no Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) e no Estudo de Implantação da Rodovia, ambos de autoria da PROSUL, empresa contratada pelo Governo do Estado para escolher e projetar o traçado do segundo acesso.


1) O tipo de solo naquele local foi descrito pela PROSUL como o que “favorece a atuação de processos erosivos, principalmente nas encostas desmatadas, podendo inclusive ocorrer movimentos de massa".(RIMA/PROSUL, pg. 41) Trocando em miúdos, significa que o morro tem tendência à erosão, barreiras, e queda de pedras. Vocês lembram da barreira no morro de Zimbros, em março de 2004, que só não provocou uma tragédia maior porque no momento não estavam passando carros ou pessoas no morro? Se estivessem, teríamos as nossas primeiras vítimas fatais (foto anexo 1 e 2). Nossos morros, em frente à orla marítima, têm o mesmo tipo de solo que se prolonga do Rio de Janeiro até SC. Nos anexo 3 e 4 temos um esquema muito claro sobre o risco de construções, desmatamento e trepidações nestes locais. Leiam com calma a explicação.
Acontece que o clima da terra está mudando. Temos enxurradas cada vez mais fortes e mais longas. Isso faz com que a camada de terra sobre a rocha matriz fique encharcada e pesada de água e, sem poder se infiltrar rapidamente na pedra, acaba escorregando, em efeito tobogã, levando tudo o que encontra pela frente.
É esse o risco que corremos se a estrada realmente passar por ali. O Secretário e o Assessor Jurídico da Secretaria de Turismo de SC por diversas vezes afirmaram na reunião efetuada na Câmara de Vereadores de Porto Belo, que "sabiam que aquele traçado não é o melhor, mas é o de menor custo social" (leia-se "o mais barato").
Nossa proposta é que se faça um túnel, que é a solução internacionalmente mais usada quando se tem um morro entre dois pontos a atingir. É ecologicamente melhor, não tem risco de desabamento, desmata muito menos, tem um traçado plano (evitando engarrafamentos) e diminui em muito o tamanho da estrada. Comparem o tamanho dos dois traçados no anexo 5.
A desculpa de que o traçado escolhido é o mais barato é facilmente destruída, porque não foi computada a desapropriação de terras que deve ser feita ao longo de todo o topo do morro. O túnel, no entanto, precisa desapropriar apenas na sua entrada/saída. Portanto, uma economia enorme. Ponto para o túnel. Além disso, como o morro é formado por rocha logo abaixo da camada de terra, depois de perfurado, a sua manutenção é muito menor do que a estrada, onde terão que ser feitas eternamente obras de contenção dos desabamentos e erosões, como acontece até hoje no Morro do Boi - que não tem esse problema no seu túnel. Outro ponto para o túnel. No anexo 6 vemos a enorme erosão já existente no começo da subida onde querem fazer a estrada. É visível a terra fofa, facilmente erodida, conforme a PROSUL afirmou.
Mas além desse problema do solo, os estudos da PROSUL mostram outros, igualmente preocupalntes:

2) Numa época em que a água é um bem escasso e cada vez mais precioso, a estrada vai aterrar o rio Bebeto e seus afluentes e mais 11 nascentes (RIMA/PROSUL, pg 18).

3) Vamos perder o melhor da nossa mata para estrada, onde o barulho, pelo trânsito intenso de carros, será “maior que o máximo permitido por lei” (RIMA/PROSUL, pg.51 e112). O que provoca esse barulho? O trânsito e o esforço para subir o morro pelos dois lados da estrada - com a consequente trepidação (ver consequência nos anexos 1 e 2!)

4) A poluição no local, pelo esforço dos carros subindo o morro (pelos dois lados) será “permanente e irreversível” (RIMA/PROSUL pg. 114).

5) Segundo o Secretário de Turismo, durante a temporada, entram por dia na península de Porto Belo 24 mil carros. Destes, 22 mil vão para Bombinhas e apenas 2 mil ficam em Porto Belo. Isso significa que, sozinho, Porto Belo não tem problema de trânsito; ele é causado por Bombinhas. E se a estrada for feita pelo morro, assim que se espalhar a notícia de que já existe um acesso só para carros, vai aumentar em muito a procura por Bombinhas.

Isso representará um grande aumento no número de ônibus, e principalmente no de caminhões e caminhões-tanque para suprir as necessidade do comércio de Bombinhas: os supermercados, restaurantes, farmácias, postos de combustível, etc. Como a estrada pelo morro não vai permitir o trânsito pesado (foi afirmado pelo Secretário), nós vamos ser obrigados a receber eternamente todo esse trânsito!
Seremos a "entrada de serviço" de Bombinhas, a sua "porta dos fundos" , Nós já cedemos ao deixar passar pelo centro a luz para Bombinas. Somos a única cidade no mundo cuja avenida principal parece um paliteiro, com postes dos dois lados da rua, impedindo que mães passem com carrinhos de bebê, ou portadores de necessidade usem as calçadas com cadeira de rodas.
É JUSTO PARA COM A NOSSA CIDADE? É justo convivermos com o risco de ser soterrado por deslizamento de terra para facilitar o acesso dos carros que vão para Bombinhas? É justo ceder nosso rios e nascentes para essa estrada? É justo ter uma trepidação e barulho que fique acima do nível máximo permitido por lei, aumentado o risco de deslizamento de terras? É justo ter definitivamente comprometido o ar de nossa cidade?
Vamos pensar na possibilidade de exigir um túnel? Ele não é tão caro quanto afirmaram o Secretário e o Assessor Jurídico - e com a economia garantida pelo túnel na desapropriação e na manutenção, em curtissimo prazo essa diferença no custo deverá ser anulada. Um túnel que receba os carros, sim, mas também os caminhões e ônibus que se destinam à Bombinhas.
Os turistas que nos procuram querem uma praia calma, um lugar na areia para ficar com os filhos, um mar tranquilo para banho. Se nos tornarmos uma "Osasco" de Bombinhas, colocaremos uma pá de cal sobre o turismo de Porto Belo!

Novamente repetimos:
Uma solução para um problema só é uma solução quando realmente o resolve.
Porto Belo tem muito a perder com a escolha do traçado pelo morro,

Um abraço a todos,
Lúcia Japp

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